O cipó, a folha e o apuro:
visões e imagens de uma etnografia da ayahuasca (2017)
Esta dissertação apresenta uma etnografia do ritual de preparação da beberagem ayahuasca realizado pela Irmandade Beneficente Natureza Divina, grupo inserido no processo de transformações e reinvenções que vem ocorrendo no uso urbano dessa substância nas últimas décadas.
Mobilizando um extenso conjunto de fotografias sobre o feitio, nome dado ao processo de preparo da decocção, abordo como as relações que os integrantes deste grupo estabelecem com estas imagens permitem circunscrever os sentidos atribuídos à experiência com a ayahuasca e delinear os principais elementos que compõem a sua cosmologia.
Através de um percurso que problematiza o uso da imagem fotográfica na produção do conhecimento antropológico e o seu lugar na escrita etnográfica, discuto como a desconstrução de alguns paradigmas adotados pela disciplina, alicerçados principalmente na concepção da fotografia como um referente do real, permite adentrar os aspectos mais subjetivos de um ritual que engaja diferentes modos de percepção para transitar por realidades distintas e se comunicar com os seres que as habitam.
As reflexões confluem para tomar a fotografia como um feixe de relações que reifica e revela o constante movimento de interpretações e ressignificações que caracterizam os modos de conhecimento operados pelo grupo no preparo da ayahuasca.
Reportagem sobre o nosso feitio de Ayahuasca no jornal El País: